segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sobre os anjos sem asas (ou, o fragmento 027)

O que vou relatar agora ocorreu no dia 07/05/2012, 13:37

Moro em Casa Amarela, e nesse mês inteiro tenho levado minha prima na faculdade com o carro. Para evitar o transito infernal da avenida 17 de Agosto, resolvo entrar na pracinha de frente ao CPRH, que me leva a um caminho alternativo passando por trás do Hiper Casa Forte, não tinha ainda almoçado então meu plano era gastar o minimo de tempo para levar minha prima e voltar para casa e comer.
Quando já estava saindo da rua Afonso de Albuquerque Melo, vejo um senhor idoso de barba branca se curvando, a mão tentava alcançar o chão, no fim da mão vinha um terço, também apontando para o chão.
No chão se encontrava a bengala, o idoso não conseguia se abaixar e tentou, num gesto talvez desesperado, se valer do terço, a única coisa que tinha em mãos, para alcançar a bengala no chão.

Parei o carro talvez uns 70 metros depois, sai do carro, corri até o senhor e apanhei a bengala, entreguei-a e recebi um obrigado de voz muito fraca, o senhor sequer tinha voz para gritar por ajuda. Comecei a correr de volta para o carro, foi quando, por volta de 50 metros, vi dois homens conversando, comentavam que aquele senhor "nem deveria estar andando na rua".
...
Poucas pessoas no mundo tiveram o desprazer de me ver irado, aqueles dois preguiçosos DESGRAÇADOS,  conseguiram o feito de me deixar irado até a alma, o olhar que lancei sobre eles deve ter sido fulminante, pois eles se calaram imediatamente, voltei para o carro, segui meu caminho.

Aqueles dois, sentados no banco da pracinha, na sombra, são da mesma RAÇA IMUNDA que vive de reclamar da vida, do governo, da desagregação de valores familiares, da falta de educação que se tornou uma PRÁTICA nesse país, mas que se mantém a parte, sem NADA FAZER.

A quanto tempo aquele senhor estava ali, de braço estendido e terço tentando alcançar a bengala? não sei, e não me importa se foram 30 minutos, ou 30 segundos, QUALQUER esforço para um idoso é demais. Quanto tempo mais ele precisaria passar lá, desamparado, tentando chegar na bengala?
...
Era fácil seguir meu caminho, era somente acelerar e não olhar para o retrovisor do carro, era só não ligar, fingir que não tinha visto...

Mas era MUITO MAIS FÁCIL encostar, parar o carro, correr até o senhor e ajuda-lo.

E é ISSO que tem que mudar, as pessoas precisam SABER que fazer o bem é mais fácil, que ser educado é mais fácil que ser grosseiro, que ajudar é mais fácil que se omitir.

Não tenho fotos, não tenho imagens, não tenho registro, tudo o que tenho é a minha prima, que estava comigo no carro, tudo o que tenho é a história do fato.




... Naquele momento, tudo o que aquele senhor tinha na mão era um terço, se ele pediu por um anjo, e somente EU parei ali... EU fui o anjo daquele senhor.


E isso é tudo o que eu tenho a dizer.




Um comentário:

  1. "Alguns Anjos não possuem Asas...
    Mas não deixam de ser criaturas divinas por isso."

    Lembro dessa frase nitidamente quando você me disse ela.
    E embora o mundo ao nosso redor esteja cada vez mais na escuridão, são ocasiões como esta que nos fazem lembrar que A escolha ainda é nossa, que podemos fazer diferente: Basta tomar a decisão certa.
    Estou Orgulhosa de vc meu bem! ^^
    são pessoas como vc que ainda me fazem ter fé no mundo!

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